terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

AVENIDA SÃO JOÃO DE DEUS


Topónimo anterior: Avenida da República
João Cidade Duarte (08.03.1495 – 08.03.1550)

Natural de Montemor-o-Novo, faleceu em Granada, Espanha.
Santo da Igreja Católica. Beatificado em 21.09.1638 pelo Papa Urbano VIII, foi canonizado em 16.10.1690, pelo Papa Alexandre VIII.
Fundador da Ordem dos Irmãos Hospitaleiros. Patrono dos hospitais católicos. Protector, juntamente com S. Camilo de Lélis, dos enfermeiros católicos e sua associações.
Aos 8 anos, após ouvir as palavras de um peregrino, fugiu de casa dos pais rumando a Espanha, em busca de novidades e aventuras.
Tal acontecimento viria a marcar profundamente a sua família. A mãe, faleceu vinte dias depois do seu desaparecimento, enquanto o pai viria a terminar os seus dias num convento de Franciscanos.
Acolhido em casa de um homem rico, trabalhou para este, até sentir a pressão de vir a casar com a filha do seu patrão, que se enamorara dele.
Abandonando a casa de acolhimento, João Cidade alistou-se na força que o Conde de Oropesa reunia, contra os franceses. Tomou parte na guerra de Navarrra e esteve presente no cerco de Fuenterrabia.
Contando então 25 anos de idade, foi condenado à morte quando um rico depósito que lhe fora confiado pelo seu capitão desapareceu misteriosamente. Ia a caminho da forca quando um oficial superior decidiu que a expulsão do exército era pena suficiente para a sua falta, salvando-lhe a vida.
Alistando-se, então, nas campanhas contra os Turcos no centro da Europa, chega a combater em Viena e, terminada a missão, vai a Santiago de Compostela como peregrino.
Depois de passar pela sua terra natal, regressou a Espanha, trabalhando como guardador de gado em Sevilha. Daí, seguiu para Ceuta, onde trabalhava como pedreiro nas muralhas e ajudava enfermos e necessitados com o que ganhava.
Regressando a Espanha, torna-se vendedor ambulante de livros e imagens, percorrendo várias cidades do sul do país. Foi no exercício dessa actividade que, aos 42 anos de vida, chegou a Granada, instalando nessa cidade a sua livraria.
A vida de João Cidade sofreu uma brusca alteração quando, em 20.01.1537, pregou em Granada S. João de Ávila. Tocado pelas palavras do Santo, arrependeu-se dos seus pecados e, abandonando o templo, correu pelas ruas da cidade, gritando: “Misericórdia, Senhor, misericórdia!”
Tomado por louco, as pessoas começaram a injuriá-lo, atirando-lhe pedras e imundices.
Depois desse dia, João Cidade distribuiu tudo o que possuía pelos pobres, iniciando uma vida de tão rigorosa penitência, que, tomado por doido chegou a ser internado num hospital de alienados, onde o tratamento dado aos doentes era o rigor e a agressão física.
Apesar de não protestar pelos sofrimentos que lhe eram perpetrados, defendia os outros, dizendo: “Cruéis, perversos, verdugos; tende compaixão desses desgraçados, que estão inocentes. E quereis que esta casa se chame instituição de caridade?”
Forçado a alterar a sua atitude por S. João de Ávila, dedicou-se então a tratar os doentes.
Reunindo esmolas, construiu um amplo e bem organizado hospital em Granadas, dando início à Ordem dos Irmãos Hospitaleiros.
Adoptando o nome de João de Deus, percorria diariamente a cidade de Granada, pedindo esmola para os pobres que tinha a seu cuidado. Diariamente surge diante do Arcebispo com uma roupa diferente, cada vez mais usado e rasgado, pois, sempre que encontrava algum mendigo com um traje pior do que o seu, trocava com esse a sua própria roupa.
Em 1550, o hospital é fustigado por um incêndio. João de Deus enfrenta as chamas e salva todos os doentes, sem sofrer absolutamente nada. Depois, acossado por uma doença grave, pressentindo a hora morte, levanta-se da sua cama e deita-se no chão, apertando ao peito um crucifixo e exalando o último suspiro.
Toda a cidade de Granada desfila, então, diante de S. João de Deus.
O corpo de S. João de Deus venera-se na sua basílica de Granada.

TOPONIMIA:

Pelo menos até aos anos 1950 não havia uma ligação entre o espaço do antigo Rossio e a zona poente da cidade. Um conjunto de casas unia o edifício da Igreja do Colégio, fazendo do Rossio uma praça fechada. Em 1943, a Câmara Municipal de Portimão adquiriu essas casas, que ficavam entre a Igreja do Colégio e o antigo edifício dos bombeiros, abrindo uma nova artéria, que aparece com o topónimo de Avenida da República.
Apesar de, actualmente, estar em pleno centro da cidade, o seu maior desenvolvimento urbanistico deu-se já no início dos anos 1970, com a construção do, então, Hospital Distrital de Portimão, inaugurado em 1972.
A alteração do topónimo de Avenida da República para Avenida São João de Deus pelo que ficou dito na biografia apresentada, não estará alheia ao facto de, no seu início, (no Edifício do Colégio) ter funcionado o antigo hospital e no seu termo ter sido construído o Hospital Distrital de Portimão (actual Hospital da Misericórdia).
Avenida tipicamente urbana, nela funciona, além do hospital supra referido, o Mercado Municipal e a Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, sendo, ainda, uma artéria marcadamente comercial, nela funcionando, além de várias lojas de móveis e decoração, uma farmácia, uma agência funerária e a representação em Portimão da TV Cabo.

LIGAÇÕES:
A Avenida São João de Deus tem início na Alameda da Praça da República e termina na Avenida São Lourenço da Barrosa, tendo ligação com as seguintes artérias: Rua França Borges, Rua Mouzinho de Albuquerque, Rua Heróis da Restauração, Rua Engenheiro Adelino Amaro da Costa, Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro e Rua Almirante Pinheiro de Azevedo.
Avenida São João de Deus (Foto retirada da página Costumes e Tradições de Portimão)

Avenida São João de Deus vista da torre da Igreja Matriz (foto de Nuno Campos Inácio)

1 comentário:

  1. Esta avenida conheço bem. Na 1ª foto, do lado esquerdo mas mais à frente, é onde actualmente se encontra o mercado. Podemos ainda ver as árvores do cemitério.

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