domingo, 27 de fevereiro de 2011

BECO DE SÃO FRANCISCO

Topónimo anterior: Inexistente Baptizado inicialmente como Giovane di Bernardone, viu o seu nome ser alterado para Francesco Bernardone por iniciativa do pai (26.09.1181-03.10.1226).
Santo, fundador da Ordem dos Franciscanos, nasceu na cidade de Assis, Itália, numa família de comerciantes de tecidos, que lhe possibilitou uma juventude de fartura económica.
Em 1202 dá-se a guerra entre Perúsia e Assis, de que saiu vencedora a primeira. Francisco, contando então 20 anos de idade, foi preso em Perúsia durante um ano. Doente, veio a ser resgatado pelo pai, que paga a sua libertação.
Inspirado nas histórias da cavalaria medieval, decidiu integrar a cavalaria do exército da igreja, que se reunia junto à cidade de Espoleto, no ano de 1204. Doente e febril, tem uma visão, que o leva a desistir da cavalaria e a regressar à terra natal, onde foi recebido com apupos.
No ano seguinte, enquanto orava na Igreja de São Damião, que na altura se encontrava praticamente em ruínas, recebeu a mensagem divina: “Francisco, reconstrói a minha Igreja!”. Decidido a cumprir essa vontade Divina usou o dinheiro do pai para a reconstrução do templo, o que originou um conflito entre ambos, que terminou com Francisco a despir as próprias vestes e a entregá-las ao pai, dizendo: “Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do céu!”
Francisco passou, então, a reconstruir as igrejas em ruínas com o seu próprio trabalho, assentando pedras, comendo do que lhe davam na mendicidade da rua e adoptando como vestes os trapos de eremita.
Depois de reconstruir a Igreja de São Damião e restaurar a de Santa Maria dos Anjos, durante uma missa Francisco percebe que não deve possuir quaisquer bens, trocando as roupas de eremita por uma túnica simples, com uma corda amarrada à cintura e os pés descalços, iniciando a pregação nos lugares públicos de Assis.
Em 1209, reunindo 12 discípulos, formou a família dos 12 irmãos menores. Elaborando uma breve regra, foi com estes a Roma, recebendo o consentimento do Papa Inocêncio III para a fundação da sua Ordem.
Regressando a Assis, os frades construíram as suas habitações em choupanas e dividiam as actividades entre a oração, a ajuda aos pobres, os cuidados aos leprosos e pregações nas cidades; também se dedicavam às actividades missionárias, indo 2 a 2 a lugares distantes e pagãos.
Francisco de Assis assistiu ao crescimento da Ordem que fundou, vendo-a a ultrapassar fronteiras, ainda no ano de 1219 (Alemanha, Hungria, Espanha, Marrocos e França).
Nesse mesmo ano, Francisco de Assis desloca-se ao Egipto, em plena Cruzada, tendo-se encontrado com o Sultão Melek-el-Kamel. No ano seguinte, desloca-se a São João de Acre e visita a Terra Santa.
Antes de falecer, Francisco de Assis deslocou-se em pregação ao sul de Itália, Bolonha, Inglaterra, Alverne e Ancona.
Em 1224, num monte chamado Alverne, é estigmatizado com as Chagas de Cristo, que se mantiveram vivas até ao fim da sua vida, dois anos depois.
Praticamente cego e fisicamente debilitado, morre na tarde do dia 03 de Outubro de 1226, tendo sido sepultado na Igreja de São Jorge, na cidade de Assis.
Dois anos depois, Francisco de Assis é canonizado, tendo as suas relíquias sido transladadas para a nova basílica em 1230.
No Séc. XVI, foi construído na cidade de Portimão o Convento de São Francisco, actualmente em ruínas.

TOPONÍMIA:

O Beco de São Francisco localiza-se na Estrada da Rocha, na zona do Estremal (ou Estrumal), em frente do local onde antes funcionou a Fábrica de São Francisco, no bairro operário construído no início do Século XX. A Fábrica de São Francisco foi fundada por João António Júdice Fialho.
Ao longo de várias décadas a zona do Estremal sofreu de problemas com inundações.
Actualmente, este beco, que tinha o nome pintado na lateral de uma casa, encontra-se fechado com um portão, desconhecendo se se mantém público ou é propriedade privada.

LIGAÇÕES:

O Beco de São Francisco tem a sua única ligação com a Estrada da Rocha.

Inundação na Estrada da Rocha vendo-se, ao lado da casa rosa os portões do Beco de São Francisco (foto da página Costumes e Tradições de Portimão)

BECO DA SARDINHEIRA

Topónimo anterior: Inexistente

A Sardinheira é um dos nomes populares da malva. Pode ainda significar: uma vendedora de sardinhas e, ou, uma rede de cercar utilizada na pesca da sardinha.

Cultivada como planta ornamental pela beleza das suas flores, a malva (Malva sylvestris L.) é uma planta pertencente à família das Malváceas, originária da Europa, que pode atingir até cerca de 1 metro de altura. Popularmente, recebe vários nomes, como malva-de-botica, malva-maior ou malva-selvagem. É uma planta usada em fitoterapia e apreciada como hortaliça desde o século VIII a.C. Suas folhas são mais usadas na medicina popular, entretanto, as flores da malva constam das farmacopéias da Itália, França, Alemanha e da Suíça. Além disso, em muitos países da Europa, as flores secas são muito mais consumidas do que as folhas.Ainda como medicinal, a malva também é aplicada na veterinária, nos casos de prisão de ventre de animais domésticos, principalmente em cães.A planta contém mucilagens, antocianina, tanino e um óleo essencial volátil com propriedades calmantes, emolientes e laxativas. O uso da malva é indicado nas inflamações da boca (aftas e gengivites) e garganta, principalmente na forma de gargarejos. O chá é usado em casos de prisão de ventre, úlceras e gastrite. Na forma de emplastro, a malva é recomendada para tratar abcessos e as compressas feitas com as folhas são consideradas ótimas para aliviar queimaduras de sol.
CultivoAs folhas da planta são bem verdes, com longos pecíolos, serreadas nas bordas e com pêlos ásperos, embora moles e macios ao tato. Já as flores são bem características: quando totalmente abertas, apresentam cinco pétalas afastadas, estreitas na base, largas e chanfradas na parte superior, a coloração é rósea e o florescimento se dá nos meses mais quentes do ano e, dependendo da região, pode ocorrer do final da primavera até meados do outono.Esta planta vegeta espontaneamente nos continentes europeu, africano e americano. No Brasil, desenvolve-se bem em locais de clima mais ameno, como a região Sul. A Malva sylvestris L. não deve ser confundida com outras plantas existentes no Brasil ou no exterior e conhecidas pelo mesmo nome popular de "malva", pertencentes a outras espécies ou gêneros como Pavonia, Sida, Althaea, Abutilon, Eremanthus, etc. Dos 40 gêneros da família das malváceas existentes no mundo, 20 deles são encontrados na flora indígena brasileira, ou são cultivados, como o algodoeiro, o quiabo, a altéia, etc. Do gênero "malva", existem umas 30 espécies e é preciso muito cuidado com as confusões, pois as finalidades medicinais de algumas malvas são diferentes.A malva propaga-se por meio de sementes, divisão de touceiras ou estaquia. Embora seja nativa de climas temperados, a malva tolera climas mais quentes. Seu cultivo exige luz solar direta pelo menos 4 horas por dia e recomenda-se proteger a planta contra geadas e frio intenso. Em regiões onde o inverno é muito rigoroso, a malva comporta-se como planta anual.
Solo ideal: rico em matéria orgânica
Regas: freqüente durante a fase de formação dos botões florais e espaçadas nos outros períodos;
Cuidados gerais: controlar a invasão de ervas daninhas e evitar a umidade excessiva, que pode provocar a proliferação de fungos;
Colheita: as folhas da malva devem ser colhidas durante o período de floração e as flores, antes da abertura dos botões florais.
Curiosidades:Na Itália renascentista, a malva era considerada um remédio para todos os males. Suas flores entravam no preparo de um chá usado nos conventos como anafrodisíaco, ou seja, como "amansador" do desejo sexual. Na Antigüidade, acreditava-se que uma poção à base de sumo de malva evitava as indisposições durante todo o dia. Já os pitagóricos consideravam-na uma planta sagrada, que libertava o espírito da escravidão das paixões. Carlos Magno apreciava a malva como planta ornamental, em seus jardins imperiais.

(Texto original retirado da página http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A09malva.htm, da autoria da jornalista e editora brasileira Rose Aielo Blanco, pela elevada qualidade do mesmo).


TOPONÍMIA:

O Beco da Sardinheira localiza-se entre o Sítio de Vale de França e a Praia do Vau, sendo uma artéria recente, numa urbanização composta por vivendas.


LIGAÇÕES:

O Beco da Sardinheira apenas tem ligação com a Avenida João Paulo II

BECO DA MANJERONA

Topónimo anterior: Inexistente
Conta uma lenda que o príncipe Amáraco, filho do rei de Chipre, dedicava-se à arte de fabricar perfumes. Um dia, ele conseguiu criar uma fragrância única, surpreendentemente agradável, e ficou maravilhado com sua criação mas, ao carregar o jarro que continha este perfume, deixou-o cair ao chão e quebrar-se, perdendo o raro perfume. Profundamente entristecido, o jovem começou a definhar, até morrer. Reconhecendo a dedicação do jovem príncipe, os deuses transformaram seu corpo sem vida numa planta muito aromática: a manjerona, também conhecida como amáraco.
Originária do nordeste da África e do Oriente Médio até a Índia, a manjerona (Origanum majorana L.; Majorana hortensis M.) é uma planta herbácea da família das Labiadas - a mesma da hortelã, melissa, orégano, tomilho, alecrim e manjericão. Acredita-se que a manjerona foi introduzida no Ocidente durante a Idade Média, possivelmente pelas Cruzadas. Popularmente, a manjerona também é conhecida como manjerona-verdadeira, majerona-inglesa, flor-de-himeneu, majerona-hortensis e amáraco.
A mitologia grega faz referência à manjerona como a erva preferida de Afrodite, a deusa do amor, que a teria usado para curar as feridas de Enéias. Aliás, para o povo grego, a planta era símbolo da felicidade, tanto que era plantada na frente das casas como sinal de boas-vindas. Gregos e romanos a usavam para tecer coroas para os recém-casados e até hoje a erva é associada à felicidade conjugal. Usada na Antigüidade como afrodisíaco, também apresentava propriedades relaxantes: o poeta Virgílio destaca seus poderes para favorecer um sono repousante e tranqüilo. O responsável pelas propriedades medicinais da manjerona é seu princípio ativo, constituído por tanino e óleo essencial, que garante o efeito expectorante e digestivo. Na forma de chá, a erva pode ajudar no tratamento contra o reumatismo e todas as formas de artrite. A inalação feita com a erva ajuda a eliminar o muco nas gripes e resfriados, prevenindo sinusites. Na cosmética caseira, a planta é usada em banhos relaxantes e como tônico capilar. Na aromaterapia, sua fragrância suave e calmante aquece e reconforta, daí sua ação benéfica sobre o sistema nervoso. O óleo essencial atua positivamente no metabolismo e nos órgãos genitais.
Com tantas virtudes fitoterápicas e aromáticas, a manjerona acabou chegando à cozinha. E com boas razões, pois a erva enriquece o sabor dos alimentos e ainda estimula os processos digestivos. De odor penetrante, sabor quente e levemente picante, a manjerona pode substituir o tomilho (ou ser combinada com ele) em algumas receitas, sendo o condimento preferido para temperar assados, molhos para carnes, costeletas, etc. Nas pizzas e molhos de tomate, cumpre com louvor a função do orégano. É preciso observar, porém, que a manjerona é mais doce e perfumada que estas ervas.
Planta herbácea de caule quadrangular, um pouco lenhoso na base e flexível na parte superior, a manjerona forma pequenas touceiras de 30 a 60 cm de altura. As folhas são pequenas - medem até 2 cm de comprimento -, ovais, opostas, pecioladas, de coloração verde-acinzentada na face superior e aveludadas na face inferior. As flores, de coloração branca, violácea ou rosada, também são pequenas. As flores abertas são muito procuradas pelas abelhas e borboletas. Os botões ainda fechados guardam as flores quase escondidas por brácteas nodosas. O fruto produz sementes muito finas, semelhantes às do manjericão, mas a manjerona só gera as sementes depois que a planta atinge dois anos de vida. Aliás, algumas semelhanças entre a manjerona, o orégano e o manjericão já geraram grandes confusões. Por muitos séculos, a manjerona foi confundida com o orégano e, pelo menos em relação ao nome comum, a confusão persiste até hoje. O orégano às vezes é vulgarmente chamado "manjerona silvestre" ou "manjerona selvagem".
A manjerona pode se propagar por sementes, divisão de touceiras ou estaquia. É uma planta perene em regiões de clima quente, porém, em climas muito frios é anual por não suportar temperaturas muito baixas. A planta gosta de solos arenosos ou areno-argilosos, ricos em matéria orgânica e com boa drenagem, com pH entre 6,0 e 7,0. O clima úmido é ideal, entretanto, é preciso atenção: o solo não deve ser excessiva e constantemente molhado. As plantas que crescem e se desenvolvem em climas secos e com temperaturas elevadas adquirem um sabor mais apimentado e apresentam odor mais forte, penetrante e amargo.
Quando o objetivo do plantio for apenas as folhas, sem as flores, é recomendável retirar as pontas dos ramos que ameaçam formar os futuros órgãos florais e flores. Isso pode ser feito com o auxílio de uma tesoura ou simplesmente com os dedos Assim, as folhas se desenvolverão mais vigorosas. Já para a colheita de flores, a planta florida deve ser cortada no momento em que as primeiras flores se abrem, mas antes que os demais botões florais na mesma haste tenham se aberto completamente.
Usos:
Na Europa, o suco da manjerona já foi muito usado para lustrar móveis e tingir lãs de vermelho-púrpura. Hoje, em muitos países, indústrias especializadas utilizam a erva para aromatizar bebidas, condimentos, carnes, sopas em pó, sorvetes, balas, etc. Como relaxante, a manjerona pode ser combinada com o alecrim e a menta, no preparo de um delicioso banho calmante. O vinagre feito com a erva também pode ser misturado na água do banho ou friccionado no corpo para se recuperar do cansaço físico.
Dicas de cultivo:
Luminosidade: sol pleno, principalmente em locais de clima frio. Solo: leve e rico em matéria orgânica Adubação: recomenda-se a adubação orgânica, mas pode-se aplicar de forma moderada, fertilizantes químicos ricos em fósforo (P) e nitrogênio (N). Regas: sempre quando o solo se apresentar seco na superfície. Melhor época para o plantio: por sementes o ideal é na primavera, por estacas de galhos pode-se plantar em qualquer época do ano.
(Texto original retirado da página http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A27manjerona.htm, da autoria da jornalista e editora brasileira Rose Aielo Blanco, pela elevada qualidade do mesmo).
TOPONÍMIA:
O Beco da Manjerona localiza-se na Urbanização do Fojo, sendo uma artéria recente.
LIGAÇÕES:
O Beco da Manjerona apenas tem ligação com a Rua da Alfazema

BECO CATARINA EUFÉMIA - FIGUEIRA

Topónimo anterior: Inexistente
Catarina Efigénia Sabino Eufémia (13.02.1928-19.05.1954)

Ceifeira alentejana analfabeta, nasceu na aldeia de Baleizão, no concelho de Beja.
A vida de Catarina Eufémia poderia ser igual à de qualquer outra mulher da sua condição e do seu tempo, não fora a tragédia pessoal que a elevou a símbolo da resistência ao regime salazarista.
Mãe de três filhos, o mais novo com oito meses de vida, no dia 19 de Maio de 1954 foi, juntamente com 13 outras ceifeiras reclamar com o feitor da propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de 2 escudos pelo trabalho, iniciando uma greve.
Temendo o resultado de tal reclamação, o feitor deslocou-se a Beja para chamar o proprietário e a G.N.R.
Escolhida pelas colegas para apresentar as suas reivindicações, a uma pergunta do tenente Carrajola, Catarina terá respondido que só queriam “trabalho e pão”, o que lhe valeu uma bofetada que a atirou ao chão.
Levantando-se, a mulher terá dito: “Já agora mate-me!”
O tenente terá, então, disparado três balas, que a atingiram nas costas, estilhaçando-lhe as vértebras, insensível ao facto de Catarina ter o seu filho mais pequeno nos braços.
Temendo a reacção da população, as autoridades decidiram realizar o seu funeral às escondidas, antecipando-o relativamente à hora que fizeram constar. Apercebendo-se disso, a população correu para o caixão com gritos de protesto, o que originou uma violenta repressão policial, que espancou os familiares da falecida, os seus colegas de trabalho e gentes simples de Beja.
Catarina Eufémia acabou por ser sepultada em Quintos, a terra natal do seu marido.
Só em 1974, após o 25 de Abril, os seus restos mortais foram transladados para Baleizão.
A sua morte e a repressão policial que ocorreu no seu funeral tornaram Catarina Eufémia um símbolo da resistência anti-fascista, enquanto o Partido Comunista Português a adoptava como ícone da resistência no Alentejo.
Sophia de Mello Breyner, Carlos Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, Maria Luísa Vilão Palma e António Vicente Campinas dedicaram-lhe poemas, tendo o deste último sido musicado por Zeca Afonso.
TOPONIMIA:
O Beco Catarina Eufémia localiza-se na Figueira, freguesia da Mexilhoeira Grande.
LIGAÇÕES:
O Beco Catarina Eufémia tem como única ligação a Rua 25 de Abril, na Figueira.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALAMEDA DA REPÚBLICA

Topónimo anterior: Largo do Pelourinho, Rossio, Largo do Colégio, Largo Rei D. Carlos I, Largo da República, Praça da República, Alameda da República (O topónimo Alameda da República não é o seu nome oficial, mas é o que resulta da construção da Alameda no local que se designa Praça da República)
A Revolução republicana teve início em Lisboa na madrugada do dia 4 para 5 de Outubro de 1910. A iniciativa partiu de organizações diversas, enquadradas pela carbonária e militares, a ela tendo rapidamente aderido a maioria da população. O exército afecto à monarquia não conseguiu organizar-se a tempo o que permitiu o triunfo dos revoltosos.
Na manhã do dia 5, dirigentes do Partido Republicano Português assomando à varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, proclamaram a Implantação da República em Portugal.
Entretanto foi criado um governo provisório, presidido pelo Dr. Teófilo Braga.
Depois de muitas peripécias foi adoptada uma nova bandeira, esta com cores de raiz carbonária, a que temos hoje: vermelha e verde, e o hino passou a ser A Portuguesa, até aí, uma marcha que havia sido composta por Alfredo Keil {música} e Henrique Lopes de Mendonça {letra} em 1890, como hino de desagravo relativamente ao Ultimatum britânico.
O Texto constitucional foi aprovado, após amplo debate, em 21 de Agosto de 1911, pela Assembleia Nacional Constituinte, que havia sido eleita por sufrágio directo, em consequência da Revolução republicana.
A Constituição Republicana ficou conhecida como a Constituição de 1911.
Em 1911, 70% da população portuguesa era analfabeta. Portugal necessitava de trabalhadores mais instruídos e habilitados de forma a acompanharem a evolução das tecnologias que iam chegando de além fronteiras, nos variados ramos da indústria. Assim, os governos republicanos irão tomar medidas de forma a melhorar a instrução dos portugueses, tendo para tal:
. Criado o ensino infantil dos 4 aos 7 anos de idade;
. Legislado quanto ao ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
. Construídas novas escolas do ensino primário e técnico {escolas agrícolas, comerciais e industriais};
. Fundado Escolas Normais destinadas a formar professores primários;
. Construído Institutos Superiores de ensino técnico;
. Fundado as Universidades de Lisboa e do Porto e reformado a de Coimbra.
No campo da actividade laboral, os trabalhadores, nomeadamente os operários, possuíam condições de vida quase miseráveis: salários baixos, horário de trabalho com média de doze horas diárias, más condições de higiene e segurança no trabalho, e por aí fora. Por tal facto, os republicanos tomaram como uma das suas «bandeiras», o direito ao trabalho e à justiça social, o que, não foi alcançado na prática.
(Texto do Prof. Dr. Pedro Pereira, gentilmente cedido para este blogue)

TOPONÍMIA:
A Praça da República, popularmente chamada de Alameda da República, resulta da união de 2 largos distintos, cuja história se pretende agora contar isoladamente.
Largo do Pelourinho: Este topónimo deve-se à existência do antigo pelourinho de Portimão neste largo, sendo igualmente o local onde se localizava a forca da vila, para execução dos condenados. Esse pelourinho não era aquele que esteve em frente à Câmara Municipal de Portimão, mas outro mais antigo, que foi destruído com a implantação da República.
Em 1897, devido à Visita Régia a Portimão, a Câmara Municipal decidiu alterar o topónimo desse espaço para Largo Rei D. Carlos I.
Em 1910, este largo passou a estar unido, em termos toponímicos, ao Rossio, passando ambos a ter a designação de Largo da República.
Largo do Rossio: Também chamado de Largo do Colégio, por ficar em frente à Igreja do Colégio de São Camilo, aqui se realizava a feira anual de São Martinho e as festas de carnaval. Uma das áreas nobres de Vila Nova de Portimão até ao início do Século XX, quando foi tomada a polémica decisão de edificar o mercado da verdura nesse espaço. A decisão de construir um novo Mercado de Frutas e Hortaliças no Largo do Pelourinho, adjacente ao Rossio, foi tomada em 1913, tendo sido inaugurado no dia 24 de Maio de 1914, no mesmo dia que o Matadouro Municipal. A decisão de construir este equipamento nesse local gerou tanta ou mais polémica, como a decisão de o mandar demolir em finais do Século XX. Segundo as Actas de Vereação, a edificação deveria respeitar o afastamento de 15 metros em relação à Igreja do Colégio e estar alinhado com o cunhal da casa das senhoras Branquinhos. No entanto, nem todos gostaram da ideia de ver aquele espaço de reunião e festa ocupado com um imóvel de tamanha dimensão. Na reunião da Comissão Executiva Municipal, consta que: “o cidadão administrador do concelho, pedindo a palavra, disse que muito desejava que nesta acta ficasse consignado um voto de protesto que ele em seu nome e no das Comissões do Partido Democrático, desta localidade, fazem contra a edificação do projectado mercado de Frutas e Hortaliças em frente ao edifício do Colégio de São Camilo, desta referida vila, cujo edifício vai ficar altamente prejudicado com a citada construção no aludido lugar.” Apesar dos protestos, do próprio administrador, o mercado foi efectivamente construído, originando uma alteração profunda no circuito comercial de Vila Nova de Portimão e criando uma nova centralidade, que veio a ser complementada com a inauguração da Estação de Caminho-de-Ferro na década seguinte. No interior do edifício do mercado, encontravam-se os vendedores com lugar cativo, tendo-se ainda fixado barbearias e talhos, enquanto no exterior se juntava uma verdadeira feira de produtores, vendedores ambulantes e artesãos aos domingos. Embora tivesse uma valência comercial, o mercado viria a ser animado por bailes populares, como aqueles que se realizavam ao som da Troupe Jovial Jazz.
Na reunião da Comissão Municipal Republicana de 10 de Outubro de 1910, o Largo Rei D. Carlos I e o Largo do Rossio passaram a formar um só, com o topónimo de Largo da República. Nessa altura o largo ainda formava uma praça fechada, devido à existência de dois prédios que ligavam o antigo edifício dos bombeiros ao edifício do colégio, as quais foram demolidas para ser aberta a Avenida São João de Deus.
LIGAÇÕES:
A Alameda da República tem ligação com as seguintes artérias: Rua do Bispo Dom D. Coutinho, Rua Luís Alves Antão, Rua do Comércio, Rua Diogo Gonçalves, Rua França Borges, Avenida São João de Deus, Rua Projectada à Mouzinho de Albuquerque, Rua Manuel José d'Alvor, Rua António Barbudo, Rua Francisco Luís Amado, Rua do Colégio, Rua Manuel Dias Barão, Rua Vasco da Gama, Rua João Anes e Rua Diogo Tomé.
Rossio em 1900 (in Monografia de Vila Nova de Portimão)
Mercado da Verdura (Foto de Luís Urbano Santos)
Mercado da Verdura (Foto de José Augusto Salvador)
Carros dos bombeiros em frente ao antigo quartel, na Praça da República (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Praça da República com neve (Foto de Júlio Bernardo)
Praça da República nos anos 1950 (Colecção particular)
Antigo Quartel dos Bombeiros (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Antigo Quartel dos Bombeiros - parte lateral (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Vista aérea da Praça da República (Arquivo da C.M.P.)
Antigo Quartel dos Bombeiros (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Vendedores da antiga praça do peixe (Colecção de Manuel Mendonça)
Parque de estacionamento no espaço do antigo mercado do peixe (Colecção de Manuel Mendonça)
Igreja do Colégio (Arquivo da C.M.P.)
Praça da Verdura (Colecção de Manuel Mendonça)
Alameda da República em 2010 (Foto de Nuno Campos Inácio)
Alameda da República (Foto de João Valongo)
Alameda da República (Foto de João Valongo)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

BECO DA ABICADA

Topónimo anterior: Inexistente
(a nota informativa será apresentada em breve na mensagem dedicada à Rua da Abicada)
TOPONIMIA:
O Beco da Abicada localiza-se na Quinta da Abicada, Sítio da Caldeira do Moinho, sendo uma urbanização recente.
LIGAÇÕES:
O Beco da Abicada tem como única ligação a Rua da Abicada.

BECO ANTÓNIO VICENTE DE CASTRO

Topónimo anterior: Inexistente
António Vicente de Castro

(a nota biográfica será apresentada em breve na mensagem dedicada à Rua António Vicente de Castro)

TOPONÍMIA:

O Beco António Vicente de Castro localize-se na zona recentemente urbanizada do Vale de Lagar.

LIGAÇÕES:

O Beco António Vicente de Castro tem como única ligação a Rua António Vicente de Castro.

BECO D. JOÃO II

Topónimo anterior: Inexistente
D. João II
(a nota biográfica será apresentada em breve na mensagem dedicada ao Largo D. João II)
TOPONÍMIA:

O Beco D. João II localiza-se no sítio das Quatro Estradas.
LIGAÇÕES:

O Beco D. João II tem como única ligação a Rua D. João II, nas Quatro Estradas de Alvor.

BECO ALEXANDRE HERCULANO

Topónimo anterior: Inexistente
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo
(a nota biográfica será apresentada em breve na mensagem dedicada à Rua Alexandre Herculano)
TOPONÍMIA:
O Beco Alexandre Herculano teve a sua origem na urbanização da parte norte das muralhas da vila, iniciada nesta zona com a abertura da Rua Infante D. Henrique, após a inauguração da ponte rodoviária. Trata-se, assim, de uma artéria que começou a tomar forma em finais do Século XIX, início do Século XX.
LIGAÇÕES:
O Beco Alexandre Herculano tem como única ligação a Rua Alexandre Herculano.

AVENIDA PAUL HARRIS

Topónimo anterior: Inexistente Paul Percy Harris (19.04.1868-27.01.1947)
Fundador do Rotary Club.
Natural de Racine, Wisconsin (Estados Unidos da América), sendo o segundo duma fratria de seis irmão, foi criado pelos avós paternos, em Vermont, a partir dos três anos de vida.
Formado em Direito pela Universidade de Iowa, obteve o grau de Doutor Honorário da Universidade de Vermont.
Antes de exercer advocacia, trabalhou como repórter e actor de cinema.
Em 1896, estabeleceu-se em Chicago, onde exercia a advocacia.
Em 23.02.1905, juntamente com três homens de negócios, formou o primeiro Rotary Club, na cidade de Chicago.
Após 3 anos de fundação do Clube, assumiu a sua presidência, iniciando o processo de expansão Rotary.
Em 1908, na cidade de São Francisco, é fundado o segundo Rotary Club.
Com um crescimento vertiginoso, em 1910 já haviam 16 Rotary Club e, em 1912, ultrapassou a fronteira americana, com a criação de Clubes no Canadá e na Inglaterra.
Á data da sua morte, em 1947, já haviam cerca de 6000 Rotary Club, espalhados por todo o mundo.
Apesar de ser reconhecido mundialmente pela fundação do Rotary Club, Paul Harris também se destacou pelos seus trabalhos cívicos e profissionais.
Primeiro Director-Presidente da Associação Nacional para Crianças e Adultos Deficientes, foi, ainda, membro do Conselho Directivo da Ordem dos Advogados dos Estados Unidos.
Paul Harris foi homenageado com o prémio “Silver Buffalo”, da Organização dos Escoteiros dos Estados Unidos e condecorado pelos governos do Brasil, Chile, República Dominicana, Equador, França e Peru.
Casado com Jean Thompson Harris, não teve descendência.

TOPONIMIA:

Construída na década de 1990, para ligar a Estrada de Monchique com a V6, através da construção do Tunel das Cardosas, esta estrada passa por antigos terrenos agrícolas e promoveu a urbanização dessa área. Sendo a principal via de entrada e saída de Portimão, não possui qualquer edifício com entrada directa para a avenida, mas é a principal entrada para a nova Urbanização da Raminha.

LIGAÇÕES:

A Avenida Paul Harris tem início no Tunel das Cardosas e termina na Avenida São Lourenço da Barrosa. Tem ligações com a Rua da Raminha e com a Rua dos Bombeiros Voluntários de Portimão.
Túnel das Cardosas na inauguração (foto do arquivo da C.M.P.)

Avenida Paul Harris na década de 1990 (foto do arquivo da C.M.P.)

AVENIDA ZECA AFONSO

Topónimo anterior: Inexistente
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos (02.08.1929-23.02.1987)
Professor, cantor e compositor português, nasceu em Aveiro e faleceu em Setúbal.
Filho de um Procurador da República, não acompanhou o progenitor na sua ida para Angola por motivos de saúde, ficando entregue aos cuidados de um casal de tios.
Viveu em África (Angola e Moçambique, depois de uma breve passagem pela sua terra natal) entre 1932 e 1938, ano em que regressou a Portugal, indo viver para Belmonte, na casa do seu tio Filomeno, Presidente da Câmara dessa localidade.
Obrigado pelo tio, fervoroso salazarista, chegou a envergar a farda da Mocidade Portuguesa.
Em 1940, José Afonso muda-se para Coimbra, começando a cantar quando frequentava o 5º ano do Liceu. Nessa cidade, frequenta as Repúblicas, cantando fados de Coimbra, tendo chegado a jogar futebol na Académica.
Em 1958 é professor em Alcobaça, tendo editado o seu primeiro disco nesse mesmo ano.
Em 1964, regressa a Moçambique, onde foi professor do Liceu. Nesse país inicia uma actividade política anti-colonial, que lhe traz problemas com a PIDE e a administração da Colónia, tendo sido detido por diversas vezes.
Regressado a Portugal em 1967 é colocado como professor em Setúbal. Entre este ano e 1970, torna-se um símbolo da resistência democrática, mantendo contactos com o PCP e a LUAR.
Em 1971, edita o disco que contém a música Grândola Vila Morena, que três anos depois será utilizada como senha para o início da Revolução de Abril.
Após o 25 de Abril, manteve forte actividade política, tendo apoiado a candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho à Presidência da República, em 1976. Dez anos depois, veio a apoiar nova candidata presidencial, desta feita Maria de Lurdes Pintassilgo.
No ano de 1983, realizaram-se os seus dois últimos espectáculos, nos Coliseus de Lisboa e do Porto. Gravemente doente, recusa a Ordem da Liberdade que lhe é atribuída no final desse mesmo ano.
Em 1985, apesar da doença, ainda conseguiu editar o seu último disco.
Veio a falecer no Hospital de Setúbal, vítima de esclerose lateral amiotrófica.
Editou a seguinte discografia:
Balada do Outono (1960); Baladas de Coimbra (1962); Ó vila de Olhão (1964); Cantares de José Afonso (1964); Baladas e canções (1964); Cantares de andarilho (1968); Contos velhos rumos novos (1969); Menina dos olhos tristes (1969); Traz outro amigo também (1970); Cantigas do Maio (1971); Eu vou ser como a toupeira (1972); Venham mais cinco (1973); Coro dos tribunais (1974); Viva o poder popular (1974); Grândola, vila morena (1974); Com as minhas tamanquinhas (1976); Enquanto há força (1978); Fura fura (1979); Ao vivo no Coliseu (1983); Como se fora seu filho (1983); Galinhas do mato (1985)
TOPONIMIA:

A Avenida Zeca Afonso terá sido aberta com a construção do Estádio do Portimonense, na década de 1970, sendo popularmente conhecida pela rua do estádio do Portimonense, ou por Rua do Portimonense. Até ao início da década de 1980 aí e pelas ruas envolventes realizava-se a Feira de São Martinho e, até à década de 1990 ainda era possível ir ao circo que era montado no espaço onde se encontra a sede da EMARP.
Na década de 1980 foi construído o Jardim das Águas Vivas. Mais recentemente foi a vez da Esquadra da PSP e do Edifício da EMARP. Com o encerramento do Palácio Sárrea Garfias, em 1999, o Posto do Turismo passou para esta avenida. Curiosamente este edifício, provisório, é o único que tem entrada principal pela Avenida Zeca Afonso. Na letar do edifício da EMARP encontra-se um conjunto artístico de elevado valor, que homenageia a água e a sua distribuição.
Existe actualmente, na Cãmara Municipal de Portimão, o Plano de Pormenor da Horta do Palácio que altera completamente todo o espaço envolvente a esta avenida e prevê o seu enceramento.
LIGAÇÕES:
A Avenida Zeca Afonso tem início na Praceta Major David Neto e termina na Avenida Miguel Bombarda. Tem ligação com a Rua José António Marques e com a Rua Pé da Cruz.
Avenida Zeca Afonso antes da construção dos edifícios da PSP e da EMARP (colecção particular)
Avenida Zeca Afonso nos anos 1990 (Foto do arquivo da C.M.P.)
Lateral do edifício da EMARP (foto de Nuno Campos Inácio)

Avenida Zeca Afonso durante as obras de remodelação do Estádio do Portimonense

(foto de Nuno Campos Inácio)

AVENIDA SÃO LOURENÇO DA BARROSA

Topónimo anterior: V6
Muitos historiadores dão como momento fundador da actual cidade de Portimão, a licença concedida por D. Afonso V, por carta de 4 de Agosto de 1463, a 40 moradores, para a fundação da população de São Lourenço da Barrosa.
Não querendo contrariar esses historiadores, até porque não tenho formação em história vou apresentar, para reflexão, um conjunto de dados que parecem contradizer essa certeza.
Vejamos:
No actual Município de Portimão foram encontrados vestígios de ocupação do período Neolítico (Alcalar), Fenícia (tanques de salga), Romana (Sítio da Abicada, Coca Maravilhas, além de vários topónimos de origem romana espalhada por todo o concelho).
Não querendo ir ao ponto de confundir Portimão com a cidade de Portus Annibalis, fundada por Aníbal Barca, é um facto que o espaço actualmente ocupado pela cidade de Portimão sempre teve ocupação.
Importa agora saber se essa ocupação era isolada ou acidental, ou se, pelo contrário, em algum ponto havia uma concentração urbana, permanente e organizada, que se chamasse Portimão ou com outro nome qualquer.
O documento mais antigo que descreve a foz do Arade é a Crónica do Cruzado Anónimo, feita na Conquista de Silves de 1189.
Nessa crónica, o Cruzado fala de Alvor e descreve a subida para o porto de Silves, dizendo: "No terceiro depois do meio dia avistámos em ruínas o castelo d'Alvor, situado sobre o mar, que os nossos tinham expugnado e outros lugares desertos, cujos habitantes haviam sido mortos em Alvor. Não longe d'ali entrámos no porto de Silves encontrando a terra optimamente cultivada, mas sem habitantes, por terem fugido todos para a cidade."
Não nos diz o cruzado, que não havia construções, antes pelo contrário, pois afirma que a terra estava sem habitantes por terem fugido todos para a cidade de Silves.
A falta de referência de uma povoação na foz do rio, poderá ter a ver com a sua pouca importância face a Alvor ou a Silves, mas não indica inexistência.
Mas o Cruzado diz-nos algo mais concreto sobre as povoações que foram conquistadas:
"Estes são os castelos de que os Cristãos se apoderaram depois da conquista de Silves: Carphanabal (Sagres), Lagus (Lagos), Alvor, Porcimunt, Munchite (Monchique), Montagud, Caboiere (Carvoeiro), Mussiene (Messines), Paderne."
Como vemos, o cruzado refere outras povoações menores que foram conquistadas após Silves, que não tinha referido antes, mas seguindo uma linha de ordem geográfica.
Se virmos, as povoações conquistadas foram: Sagres, Lagos, Alvor, Porcimunt (será Portimão), Monchique, Montagud (será Ferragudo), Carvoeiro, Messines e Paderne.
Duas localidades não estão devidamente localizadas, ou são alvo de discórdia, uma é Porcimunt, a outra Montagud.
Para Porcimunt há quem apresente Portimão, ou Porches.
Na minha opinião só pode ser Portimão, pois o cruzado segue uma ordem geográfica e localiza Portimunt entre Alvor e Monchique. Depois apresenta Montagud e Carvoeiro.
Como se sabe, geográficamente Porches fica depois de Carvoeiro e não antes.
Antes de Carvoeiro, a povoação que mais se assemelha a Montagud é Ferragudo, com a agravante de se localizar na encosta de um monte, que é ponteagudo.
O facto de referir primeiro Porcimunt, seguido de Monchique e só depois Montagud, terá a ver, exactamente, com o seu cuidado em situar geograficamente cada uma das localidades conquistadas.
Temos, assim, razões para crer que Porcimunt seja a actual cidade de Portimão. Mas, se não quisermos aceitar as mesmas, outras há que indiciam a existência de Portimão antes de 1463.
Uma delas é documental. O Foral atribuído à então Vila Nova de Portimão por D. Manuel I, faz referência a outro dado à mesma vila "por D. Afonso, que foi Conde de Bolonha", ou seja, pelo Rei D. Afonso III (1248-1279).
Deste modo, quando da conquista definitiva do Algarve já Portimão existia, com importância suficiente que justificasse a atribuição de um Foral.
Mais prova documental da existência de Portimão antes da fundação de São Lourenço da Barrosa, encontramo-la na Torre do Tombo, com indivíduos que aparecem como naturais dessa localidade.
De 26 de Abril de 1435 é um processo contra Vasco Peres, morador em Portimão, termo de Silves, onde era acusado de danificar colmeias.
De 10 de Julho de 1438 é, como consta na mensagem relativa à Carta de Brazão de Armas de Gil Simões, a atribuição do brazão a Gil Simões e ao seu irmão, naturais de Portimão.
Pelo menos estes 3 indivíduos, que terão nascido c. 1400, eram naturais da localidade de Portimão, mas teremos que acrescentar, pelo menos, os pais e familiares directos de cada um, sendo que Vasco Peres não terá nada a ver com a família de Gil Simões.
Outro documento que refere a existência de Portimão antes de São Lourenço da Barrosa é o Livro do Almoxarifado de Silves do Século XV. Ainda que a elaboração do livro seja de 1474, ou seja, 11 anos depois da fundação de São Lourenço da Barrosa, o mesmo baseia-se em documentos anteriores, alguns de 1438; neste livro, quando se delimita o Reguengo do Castelo do Ninho, faz-se referência a uma “comeada que vay vertendo auguas pêra Bouna e pêra Aldea Noua e uem entestar pola comeada em Bouna…” Como se sabe, a Ribeira de Boina é um dos afluentes do Rio Arade, pelo que, a Aldeia Nova referida no Livro do Almoxarifado de Silves só pode ser Aldeia Nova de Portimão, que subiu a Vila Nova de Portimão com a conclusão das muralhas.
Em 24 de Maio de 1466 (3 anos depois do pedido para a fundação de São Lourenço da Barrosa), D. Afonso V concedeu licença a Álvaro de Teivas para fazer uma barca de passagem no rio do “logar de Portimão”, e haver a sua renda. No entanto, esta barca não foi a primeira, pois o Livro do Almoxarifado de Silves do Séc. XV diz que “a barca de passagem que anda aa foz a qual ssoya d andar arrendada com a passagen d Aluor e ora traz Aluaro de teiuas a quem el Rej della ffez mercee per ssua carta.” Temos, assim, que a barca de passagem já existia antes de 1466, mas era detida pela mesma pessoa que explorava a barca de passagem de Alvor. Falta descobrir de quando é o foro da barca de passagem de Alvor, mas será certamente anterior a 1463, pois nem é referido no livro do Almoxarifado.
Temos, assim, comprovação documental da existência da localidade de Portimão antes de São Lourenço da Barrosa.
Outro dado relevante, surge no próprio pedido para a fundação de São Lourenço da Barrosa. Tal pedido é feito por 40 moradores do sítio de Portimões. Este Portimões será um plural de Portimão, ou o próprio nome da localidade mal escrito. Não raras vezes, até em assentos de baptismo mais recentes, os padres escrevem mal o nome das localidades, dando origem a enormes confusões.
Vejamos o texto do pedido de fundação de São Lourenço da Barrosa, segunda a leitura do medievalista José Manuel Vargas:
1463, Agosto, 4 - Carta de criação da povoação de S. Lourenço da BarrosaDom Afonso, cet.A quantos esta carta de contrauto virem, fazemos saber que:
Pero Vasques, nosso capelão e arcediago da sé da nossa cidade de Silves
Pero Vieira e Joan' Eanes, cónegos da dita sé,
Gil Eanes e Nuno Martins, nossos vassalos,
João da Faria,
moradores na dita cidade de Silves
João Afonso da Sovereira, vassalo,
Gonçalo Martins, besteiro do conto,
João de Portimão, aposentado
Gomes Afonso, privilegiado,
João Anes, cavaleiro aposentado,
João Anes Garim (ms.: Guarim), aposentado
João Pequeno, besteiro do conto,
Vasco Pequeno, aposentado,
Fernão Vasques, criado do Ifante Dom Anrique, meu tio, que Deus haja,
Afonso Rodrigues, filho de João Afonso da Sovereira,
Martim Anes, filho de João Gil,
Vasco Eanes da Sovereira,
Pero Rodrigues,
Martim Anes da Sovereira,
Álvaro Eanes Moreno,
Martim Anes Moreno,
João Vasques, filho de Vasco Anes,
Gil Eanes Garim,
André Anes, filho de João Portimão,
Álvaro Lourenço,
Martim Vasques,
Álvaro Galego,
Lourenço Bentes,
Vasco Eanes, filho de João Pires,
João Gonçalves,
João Cavaleiro,
Francisco Gil,
João do Estreito,
Gil Anes Araquino,
João do Castelo,
Gil Cavaleiro,
Lourenço Anes do Esteiro,
João [Vasques Pires], filho de Vasco Pires,
Aires Gomes, filho de Gomes Aires,
todos moradores em Portimão, termo da dita nossa cidade de Silves,
nos enviaram dizer como seria muito serviço de Deus e nosso, e bem daquela terra,
fazer-se uma povoração na foz da dita cidade de Silves, onde chamam a Barrosa,
e ora nós ordenamos que se chame São Lourenço da Barrosa.
Como podemos verificar, entre os fundadores há um João de Portimão, que terá adoptado por apelido o nome da terra de onde seria natural, situação normal para a época.
No entanto, uma análise aos registos paroquiais, que na freguesia de Portimão começam em 1575, podemos verificar facilmente que a maioria dos apelidos destes 40 moradores se mantém 100 anos depois. Mas muitos outros há que não constam nesta lista que, por exemplo os processos do Tribunal do Santo Ofício referem, que aqui terão nascido cerca do ano 1500, como é o caso dos Gramaxo, ou dos Fernandes, cristãos-novos ou judeus que tiveram problemas com a Igreja.
Teriam estas famílias, na maioria dotadas de património, sendo que alguns eram mercadores, vindo para uma localidade que teve na sua base apenas 40 moradores?
Não me parece e os registos paroquiais também parecem não acompanhar essa teoria.
Em 1576 foram baptizadas em Portimão 64 crianças
Em 1577 foram baptizadas em Portimão 109 crianças
Temos assim, em dois anos, 163 crianças nascidas, ou seja, 163 casais capazes de procriar ao mesmo tempo.
No entanto, a população não era apenas constituída por casais em condições de procriar e nem todos os casais em condições de procriar tiveram filhos nestes dois anos.
Os assentos de baptismo fazem disso prova, pois apresentam uma série de padrinhos que não aparecem como pais, além de referirem pessoas que são solteiras, ou não podem ter filhos.
Por alto podemos dizer com alguma certeza que em Portimão, em 1575, haveriam pelo menos 250 casais em condições de procriar, ou seja 500 pessoas. Sendo o número de filhos elevado, haveriam mais de 500 crianças e não menos de 500 outros indivíduos velhos, solteiros, estéreis, ou vindos de outras localidades. Isto dá uma população de 1500 indivíduos, que a pecar será por defeito.
Um outro dado relevante sobre a estrutura social da época é dado pelos escravos. Entre 1576 e 1580 nasceram em Portimão 23 filhos de escravos, sendo identificados escravos homens e mulheres que, no total, rondarão os 50. É um número bastante significativo, o que demonstra uma posição social elevada das gentes da vila.
Poderia uma localidade fundada por apenas 40 moradores, sem uma outra base sólida já existente, sofrer tamanha mudança em apenas 100 anos, num período em que a população era rara, com uma taxa de mortalidade elevada e com muitos movimentos migratórios para as colónias?
Pessoalmente acho pouco provável, pelo que defendo que São Lourenço da Barrosa poderá ter ajudado ao desenvolvimento da localidade de Portimão, mas não foi a sua fundadora.
TOPONIMIA:
A Avenida São Lourenço da Barrosa, antiga V6, resulta do alargamento para 4 faixas de rodagem da antiga estrada que ligava a Aldeia da Boa Vista à Praia da Rocha, efectuado em 1988/89. É a principal estrada de entrada e saída de Portimão. Nesta Avenida localiza-se o Posto da GNR, grandes superfícies comerciais, vários postos de combustível e de lavagem de automóveis, o Centro Comercial Continente e edifício residênciais e de exploração hoteleira.
LIGAÇÕES:
A Avenida São Lourenço da Barrosa tem início na ED-124 e termina na Avenida das Comunidades Lusíadas. Tem ligação com as seguintes artérias: Rua da Esperança, Rua Cidade de Goa, Rua da Pedra, Avenida Paul Harris, Rua do Fojo, Avenida São João de Deus, Estrada de Alvor, Rua Professor Doutor Montalvão Marques, Avenida das Olimpiadas, Avenida Miguel Bombarda, Rua Jaime Palhinha, Rua Pero Vaz, Rua D. Afonso V, Rua Estrela do Mar, Rua do Luar, Rua Agosto Azul e Rotunda Três Castelos.
Caminho de ligação do Vale de França à Avenida São Lourenço da Barrosa (colecção particular)
Avenida São Lourenço da Barrosa (Arquivo da C.M.P.)
Avenida São Lourenço da Barrosa em 2011 (Foto de Nuno Campos Inácio)

Avenida São Lourenço da Barrosa em 2011 (Foto de Nuno Campos Inácio)