quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ALAMEDA DA REPÚBLICA

Topónimo anterior: Largo do Pelourinho, Rossio, Largo do Colégio, Largo Rei D. Carlos I, Largo da República, Praça da República, Alameda da República (O topónimo Alameda da República não é o seu nome oficial, mas é o que resulta da construção da Alameda no local que se designa Praça da República)
A Revolução republicana teve início em Lisboa na madrugada do dia 4 para 5 de Outubro de 1910. A iniciativa partiu de organizações diversas, enquadradas pela carbonária e militares, a ela tendo rapidamente aderido a maioria da população. O exército afecto à monarquia não conseguiu organizar-se a tempo o que permitiu o triunfo dos revoltosos.
Na manhã do dia 5, dirigentes do Partido Republicano Português assomando à varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, proclamaram a Implantação da República em Portugal.
Entretanto foi criado um governo provisório, presidido pelo Dr. Teófilo Braga.
Depois de muitas peripécias foi adoptada uma nova bandeira, esta com cores de raiz carbonária, a que temos hoje: vermelha e verde, e o hino passou a ser A Portuguesa, até aí, uma marcha que havia sido composta por Alfredo Keil {música} e Henrique Lopes de Mendonça {letra} em 1890, como hino de desagravo relativamente ao Ultimatum britânico.
O Texto constitucional foi aprovado, após amplo debate, em 21 de Agosto de 1911, pela Assembleia Nacional Constituinte, que havia sido eleita por sufrágio directo, em consequência da Revolução republicana.
A Constituição Republicana ficou conhecida como a Constituição de 1911.
Em 1911, 70% da população portuguesa era analfabeta. Portugal necessitava de trabalhadores mais instruídos e habilitados de forma a acompanharem a evolução das tecnologias que iam chegando de além fronteiras, nos variados ramos da indústria. Assim, os governos republicanos irão tomar medidas de forma a melhorar a instrução dos portugueses, tendo para tal:
. Criado o ensino infantil dos 4 aos 7 anos de idade;
. Legislado quanto ao ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
. Construídas novas escolas do ensino primário e técnico {escolas agrícolas, comerciais e industriais};
. Fundado Escolas Normais destinadas a formar professores primários;
. Construído Institutos Superiores de ensino técnico;
. Fundado as Universidades de Lisboa e do Porto e reformado a de Coimbra.
No campo da actividade laboral, os trabalhadores, nomeadamente os operários, possuíam condições de vida quase miseráveis: salários baixos, horário de trabalho com média de doze horas diárias, más condições de higiene e segurança no trabalho, e por aí fora. Por tal facto, os republicanos tomaram como uma das suas «bandeiras», o direito ao trabalho e à justiça social, o que, não foi alcançado na prática.
(Texto do Prof. Dr. Pedro Pereira, gentilmente cedido para este blogue)

TOPONÍMIA:
A Praça da República, popularmente chamada de Alameda da República, resulta da união de 2 largos distintos, cuja história se pretende agora contar isoladamente.
Largo do Pelourinho: Este topónimo deve-se à existência do antigo pelourinho de Portimão neste largo, sendo igualmente o local onde se localizava a forca da vila, para execução dos condenados. Esse pelourinho não era aquele que esteve em frente à Câmara Municipal de Portimão, mas outro mais antigo, que foi destruído com a implantação da República.
Em 1897, devido à Visita Régia a Portimão, a Câmara Municipal decidiu alterar o topónimo desse espaço para Largo Rei D. Carlos I.
Em 1910, este largo passou a estar unido, em termos toponímicos, ao Rossio, passando ambos a ter a designação de Largo da República.
Largo do Rossio: Também chamado de Largo do Colégio, por ficar em frente à Igreja do Colégio de São Camilo, aqui se realizava a feira anual de São Martinho e as festas de carnaval. Uma das áreas nobres de Vila Nova de Portimão até ao início do Século XX, quando foi tomada a polémica decisão de edificar o mercado da verdura nesse espaço. A decisão de construir um novo Mercado de Frutas e Hortaliças no Largo do Pelourinho, adjacente ao Rossio, foi tomada em 1913, tendo sido inaugurado no dia 24 de Maio de 1914, no mesmo dia que o Matadouro Municipal. A decisão de construir este equipamento nesse local gerou tanta ou mais polémica, como a decisão de o mandar demolir em finais do Século XX. Segundo as Actas de Vereação, a edificação deveria respeitar o afastamento de 15 metros em relação à Igreja do Colégio e estar alinhado com o cunhal da casa das senhoras Branquinhos. No entanto, nem todos gostaram da ideia de ver aquele espaço de reunião e festa ocupado com um imóvel de tamanha dimensão. Na reunião da Comissão Executiva Municipal, consta que: “o cidadão administrador do concelho, pedindo a palavra, disse que muito desejava que nesta acta ficasse consignado um voto de protesto que ele em seu nome e no das Comissões do Partido Democrático, desta localidade, fazem contra a edificação do projectado mercado de Frutas e Hortaliças em frente ao edifício do Colégio de São Camilo, desta referida vila, cujo edifício vai ficar altamente prejudicado com a citada construção no aludido lugar.” Apesar dos protestos, do próprio administrador, o mercado foi efectivamente construído, originando uma alteração profunda no circuito comercial de Vila Nova de Portimão e criando uma nova centralidade, que veio a ser complementada com a inauguração da Estação de Caminho-de-Ferro na década seguinte. No interior do edifício do mercado, encontravam-se os vendedores com lugar cativo, tendo-se ainda fixado barbearias e talhos, enquanto no exterior se juntava uma verdadeira feira de produtores, vendedores ambulantes e artesãos aos domingos. Embora tivesse uma valência comercial, o mercado viria a ser animado por bailes populares, como aqueles que se realizavam ao som da Troupe Jovial Jazz.
Na reunião da Comissão Municipal Republicana de 10 de Outubro de 1910, o Largo Rei D. Carlos I e o Largo do Rossio passaram a formar um só, com o topónimo de Largo da República. Nessa altura o largo ainda formava uma praça fechada, devido à existência de dois prédios que ligavam o antigo edifício dos bombeiros ao edifício do colégio, as quais foram demolidas para ser aberta a Avenida São João de Deus.
LIGAÇÕES:
A Alameda da República tem ligação com as seguintes artérias: Rua do Bispo Dom D. Coutinho, Rua Luís Alves Antão, Rua do Comércio, Rua Diogo Gonçalves, Rua França Borges, Avenida São João de Deus, Rua Projectada à Mouzinho de Albuquerque, Rua Manuel José d'Alvor, Rua António Barbudo, Rua Francisco Luís Amado, Rua do Colégio, Rua Manuel Dias Barão, Rua Vasco da Gama, Rua João Anes e Rua Diogo Tomé.
Rossio em 1900 (in Monografia de Vila Nova de Portimão)
Mercado da Verdura (Foto de Luís Urbano Santos)
Mercado da Verdura (Foto de José Augusto Salvador)
Carros dos bombeiros em frente ao antigo quartel, na Praça da República (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Praça da República com neve (Foto de Júlio Bernardo)
Praça da República nos anos 1950 (Colecção particular)
Antigo Quartel dos Bombeiros (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Antigo Quartel dos Bombeiros - parte lateral (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Vista aérea da Praça da República (Arquivo da C.M.P.)
Antigo Quartel dos Bombeiros (Foto de Costumes e Tradições de Portimão)
Vendedores da antiga praça do peixe (Colecção de Manuel Mendonça)
Parque de estacionamento no espaço do antigo mercado do peixe (Colecção de Manuel Mendonça)
Igreja do Colégio (Arquivo da C.M.P.)
Praça da Verdura (Colecção de Manuel Mendonça)
Alameda da República em 2010 (Foto de Nuno Campos Inácio)
Alameda da República (Foto de João Valongo)
Alameda da República (Foto de João Valongo)

4 comentários:

  1. Adorei ver a ossa cidade ,no passado e no presente!!!!!parabens a quem os mostrou a cidade de portimão...

    ResponderEliminar
  2. Potimão tem sempre beleza!!!! tanto no passado como no presente....adoro viver em portimão!!!!!

    ResponderEliminar
  3. Engraçada a situação que relata, da polémica da construção do mercado, e também da demolição do mesmo. Pessoalmente gosto da Alameda da República sem o mercado, apesar de nunca a ter visto com o mercado, mas a julgar pelas fotografias, o mercado tirava visibilidade à Igreja do Colégio

    ResponderEliminar
  4. Também se dizia aquando da construção da polémica Alameda da República, que se iria homenagear Nuno Mergulhão, e chamar-se-ia Alameda Nuno Mergulhão, apesar do busto estar lá a perpetuar a memória desse presidente, o nome só surtiu efeito efeito na homenagem no TEMPO, aquando do Grande Auditório do TEMPO se chamar Grande Auditório Nuno Mergulhão...

    ResponderEliminar