Catarina Efigénia Sabino Eufémia (13.02.1928-19.05.1954)
Ceifeira alentejana analfabeta, nasceu na aldeia de Baleizão, no concelho de Beja.
A vida de Catarina Eufémia poderia ser igual à de qualquer outra mulher da sua condição e do seu tempo, não fora a tragédia pessoal que a elevou a símbolo da resistência ao regime salazarista.
Mãe de três filhos, o mais novo com oito meses de vida, no dia 19 de Maio de 1954 foi, juntamente com 13 outras ceifeiras reclamar com o feitor da propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de 2 escudos pelo trabalho, iniciando uma greve.
Temendo o resultado de tal reclamação, o feitor deslocou-se a Beja para chamar o proprietário e a G.N.R.
Escolhida pelas colegas para apresentar as suas reivindicações, a uma pergunta do tenente Carrajola, Catarina terá respondido que só queriam “trabalho e pão”, o que lhe valeu uma bofetada que a atirou ao chão.
Levantando-se, a mulher terá dito: “Já agora mate-me!”
O tenente terá, então, disparado três balas, que a atingiram nas costas, estilhaçando-lhe as vértebras, insensível ao facto de Catarina ter o seu filho mais pequeno nos braços.
Temendo a reacção da população, as autoridades decidiram realizar o seu funeral às escondidas, antecipando-o relativamente à hora que fizeram constar. Apercebendo-se disso, a população correu para o caixão com gritos de protesto, o que originou uma violenta repressão policial, que espancou os familiares da falecida, os seus colegas de trabalho e gentes simples de Beja.
Catarina Eufémia acabou por ser sepultada em Quintos, a terra natal do seu marido.
Só em 1974, após o 25 de Abril, os seus restos mortais foram transladados para Baleizão.
A sua morte e a repressão policial que ocorreu no seu funeral tornaram Catarina Eufémia um símbolo da resistência anti-fascista, enquanto o Partido Comunista Português a adoptava como ícone da resistência no Alentejo.
Sophia de Mello Breyner, Carlos Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, Maria Luísa Vilão Palma e António Vicente Campinas dedicaram-lhe poemas, tendo o deste último sido musicado por Zeca Afonso.
TOPONIMIA:
O Beco Catarina Eufémia localiza-se na Figueira, freguesia da Mexilhoeira Grande.
LIGAÇÕES:
O Beco Catarina Eufémia tem como única ligação a Rua 25 de Abril, na Figueira.
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